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O projeto Catálogo de possibilidades surgiu a  partir da residência ACHO 20/21 onde o tema desenvolvido se deu pela provocação : do lixo ao arquivo. Imagens, restos e coisas.

O trabalho que desenvolvi para a residência nasceu a partir de meu arquivo pessoal, o Arquivo Borboleta e de imagens apropriadas do ACHO . Para construir a poética do projeto, criei uma coleção de fichas com a ideia de subverter a linguagem  da ciência e  da catalogação dos arquivos institucionais. Encontrando um anacronismo com o tempo e as regras de arquivamentos que não são mais utilizados,  as fichas são coisas que já não usamos mais.  Elas revelam uma nostalgia que remete aos antigos arquivos históricos dos tempos analógicos em que as materialidades de papeis antigos,  fichas e maquinas de escrever desapareceram.

O trabalho busca o movimento sobre a vida e a metamorfose das imagens concebendo múltiplas possibilidades de imaginar.  Conjugando o poder da imagem e o da palavra escrita entrelaço o real, o simbólico e o imaginário. criando um mundo de fabulação entre ciência e arte.  Assim fotografias aleatórias ganham novos corpos e significados na elaboração das fichas. Associando imagens e textos a partir de minhas fabulações, crio um universo onde imaginação e fantasia se misturam configurando múltiplas possibilidades de invenção

 Concentro o trabalho em de restos de negativos e ampliações queimados que coletei, para gerar o nascimento de novas imagens a partir das formas craidas pela ação do fogo. Seres em eterna transformação, em metamorfose constante inseridos na alquimia inerente a própria imagem, antigas fotografias que não existem mais, agora são miragens inventadas. A imagem se transfigura em um novo corpo que orbita na arqueologia de um suposto arquivo, o Arquivo Borboleta. Pela fabulação reciclo o significado da imagem  e crio possíveis relações de imaginação no corpo dos  fragmentos recolhidos do fogo. Assim tiro o antigo arquivo, queimado, maltratado de sua emergência e restituo o seu valor de imagem. A vida re- acontece nas fichas do Arquivo Borboleta a imagem  que desapareceu no fogo  renasce na minha imaginação,  crio um gesto de perpetuá-las ao emergir um novo significado.

Carol do Valle
Arquivo borboleta

Carol do Valle

(1966)

 

Jornalista e fotográfa, Natural de Itaja/SC, vive e trabalha em São Paulo deste 1991. Formada em Comunicação Social UFSC (Federal de Santa Catarina), pós graduação em fotografia pela fundação FAAP.  Trabalhou como fotografa editorial por vinte anos. Atualmente dedica-se a projetos autorais e estudos de teoria da imagem. Em 2019 lançou o livro IN SUL LAR (um poema fotobiográfico que trata das relações familiares daqueles que migram por vontade própria) no festival de fotografia de Tiradentes. Sua produção mais recente é dedicada a pesquisa e desenvolvimento de novas imagens e formas escultóricas  criadas a partir das transformações sofridas por negativos queimados. Tem como suporte básico de seu trabalho a fotografia digital.

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